Série Oscar 2013: Indomável Sonhadora

Sabemos que a pobreza nos EUA, mesmo que em proporções menores que no Brasil, existe. Porém, quando falamos sobre o cinema norte-americano, a primeira coisa que nos vem à cabeça são filmes onde o país é salvo de algum desastre, ou uma retratação de famílias de classe média e seus conflitos, mas sempre escondendo esse lado de miséria, criando um falso veredicto de que no país não existe pobreza.
 Mas Indomável Sonhadora vem com a premissa não só de mostrar esse lado invisível, como também nos apresenta uma forte e folclórica história sobre o amor que existe entre aqueles que o restam como sua família, sob influência da situação em que se encontram.

Quem nos conta essa história é Hushpuppy, uma garota de seis anos que, órfã de mãe, mora em um pequeno vilarejo com seu pai Wink, um homem que possui uma doença terminal e faz de tudo para ensinar sua filha a continuar e sobreviver sem ele. Devido à uma tempestade devastadora, muitos são obrigados a deixar suas casas e ir embora. Porém, Wink decide ficar e lidar com a situação ao lado de outra família remanescente, mantendo seu objetivo de despertar o lado sobrevivente de Hushpuppy. O filme é dirigido e roteirizado por Benh Zeitlin, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Sundance e do Camera d'Or em Cannes.


A obra consiste em se manter agradável, e, ao mesmo tempo nos mostrar uma realidade que não estamos acostumados a ver. Não nos EUA. Não que isso nos faça ter algum tipo de piedade ou algo parecido, mas sim, vamos amadurecendo junto com Hushpuppy, que mesmo sem entender a rigidez do pai, acaba absorvendo seus ensinamentos e se tornando mais forte, aflorando cada vez mais seu instinto sobrevivente.


Outro ponto forte da trama é sua mescla entre a fantasia e a realidade. Conforme o desenrolar da história, a garota passa a mergulhar em seu próprio mundo, buscando a figura materna em sua imaginação e fazendo um relação entre seu cotidiano com metáforas envolvendo animais pré-históricos congelados, que, após o derretimento de uma geleira, são libertados e buscam sua sobrevivência. Em certos momentos, a escolha pela fábula contribui para a leveza do filme.


Animais pré-históricos fortes, gigantes, selvagens, assim como seu espirito, como o espirito de Quvenzhané Wallis. A atuação da pequena atriz é o grande alicerce da trama, que, ao lado de Dwight Henry, interprete de seu pai, traz o resultado de um elo forte e emocionante, nos mostrando que, mesmo perante nossas dificuldades, somos capazes de nos tornamos grandes fortalezas e amadurecer a cada dificuldade que surge.


Com boas atuações e trilha sonora pontual, aliadas à excelente direção de Zeitlin, que opta por quadros próximos propositalmente, dando uma sensação de docudrama, Indomável Sonhadora desperta de forma metafórica, a natureza selvagem em que o ser humano vive. Além de nos fazer entrar em um mundo cheio de realidades inconvenientes e desigualdades, mescladas a um outro deliciosamente fantasioso.

Nota:

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