A Morte do Demônio


No gênero do terror, é possível juntar as palavras "remake’" "bom" na mesma frase? Muitos torcerão o nariz e tentarão lembrar de algum. Esqueça os remakes de japoneses como O Chamado e O Grito e vamos tentar nos lembrar dos clássicos de Hollywood que sofreram uma refilmagem nos últimos tempos. Foram tantos, desde os ícones Jason Vorhees, Freddy Krueger e Mike Myers, até o menininho de A Profecia e um dos mais recentes A Hora do Espanto. Alguns tentaram dar um reboot à franquia, outros apenas fizeram boas referências e se aproveitaram da tecnologia atual, porém nenhum deles chegou sequer aos pés dos originais e alguns até passaram vergonha. Felizmente Sam Raimi e Fede Alvarez surgem como uma salvação para os fãs do gênero, dispostos a quebrar esse paradigma, e, diga-se de passagem, com muito sucesso.


A Morte do Demônio é um remake do clássico The Evil Dead (Uma Noite Alucinante no Brasil), e conta a história de cinco jovens que se hospedam em uma cabana isolada para ajudar sua amiga, Mia, no tratamento de desintoxicação de drogas. Porém, ao descobrirem que a cabana foi invadida, eles encontram o ‘Livro dos Mortos’, e libertam um espírito demoníaco que vai possuindo um a um.
Sam Raimi, que foi o diretor do primeiro filme, praticamente sendo lançado com o mesmo, desta vez fica apenas na produção e dá uma oportunidade parecida para o uruguaio Fede Alvarez, que foi chamado por Raimi depois de um curta produzido em 2009.

Por ser um diretor estreante, é difícil falar quais são seus direcionais ou características, mas é fato que Alvarez não quis inventar nada, mas restaurar os clássicos filmes chamados ‘gore’, hoje praticamente mortos, devido a apelos comerciais e classificações indicativas. Nos EUA, ‘A Morte do Demônio’ é de classificação Rated R, ou seja, apenas maiores de 17 anos ou menores acompanhados de pais ou responsáveis, no Brasil, a classificação também é 18 anos.

Vale ressaltar que Alvarez se recusou a utilizar o recurso do CGI por achar que os efeitos especiais não dariam a realidade que estava buscando e garantiu que todas as cenas do filme são reais e feitas através de truques. E foi aí que o diretor conquistou de vez o público. Se o filme assusta pouco, o mesmo não se pode dizer para as aflições entre uma lamina ou outra atravessando peles, tudo isso bem explicitado, sem cortes, o que dá um realismo maior para o espectador e justifica alguns estômagos embrulhados.

Outro acerto do diretor, foi a opção por torná-lo mais sério. O original utiliza a mescla de terror e comédia, o que dá um resultado de um clássico Trash, ao contrário de seu sucessor, que pouco utiliza o alívio cômico e quando utiliza nem é tão perceptível assim.

Quem já assistiu ao clássico original, com o decorrer do filme vai percebendo que muitos detalhes e até certas características vão sendo deixadas de lado, mas logo vão perceber que não se trata de uma refilmagem fiel, já que a cena final nos propõe um desfecho completamente diferente, épico e banhado em sangue, e quando eu digo banhado, leve para o sentido literal.

Mesmo sendo ambientado em poucos cenários, o ritmo é o mesmo durante seus 90 minutos e não deixa o espectador respirar em nenhum momento. A fotografia e trilha sonora estão impecáveis. O elenco, por sua vez é comum e sem nenhum destaque principal, o que não pode ser considerado uma crítica, afinal, você por acaso espera que surja um Oscar para atores desse gênero? Filmes trash com atores medianos e pouco conhecidos é algo tradicionalíssimo e essencial para o realismo da trama.

Com mortes, mutilações, sustos, terrores psicológicos, realismo, sangue, tensão, agonia, aflição, nojo, exagero e tudo aquilo que esperamos de um excelente filme de terror, A Morte do Demônio não procura inovar em nada e nem pode ser comparado ao original, muito pelo contrário. O filme nos faz voltar aos anos 80 e constrói um novo clássico moderno, sendo um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos, além de dar uma sobrevida ao gênero que muitos o consideram morto. E se você já assistiu ao filme original, fique mais um pouco na sala, te garanto que valerá (e muito) a pena.



Nenhum comentário

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››

Postagens populares